Estrelas além do Gênero, Raça e Classe

 

O filme "Estrelas além do tempo", lançado em 2017, é baseado em fatos reais e conta a trajetória de três mulheres cientistas negras que trabalhavam na NASA,  durante a guerra fria. 

 Uma delas é a Katherine Johnson, uma matemática negra, que por ter uma capacidade tão magnífica, é escolhida para trabalhar no Grupo de Missão Espacial, que pretende enviar o primeiro homem ao espaço. Dessa forma, ela precisa realizar e conferir as contas que vão levar os astronautas ao espaço em segurança. Em seu departamento Katherine é a única mulher e a única pessoa negra do grupo, ela chega a ser impedida até mesmo de  assinar os cálculos que realiza.

 A próxima cientista é a Dorothy Vaughan, que trabalha como supervisora de uma equipe que realizava cálculos e que possui apenas mulheres negras. Ao descobrir que seu grupo pode ser substituído por um novo computador, a supervisora aprende sozinha todo o sistema operacional da nova máquina e ensina as suas colegas de equipe. 

Por último, mas não menos importante, é a Mary Jackson, uma mulher que possui todos os atributos para se formar como engenheira, mas tem seu pedido para entrar no programa de treinamento de engenheiros da Nasa negado. Ela recorre à justiça e em uma das cenas mais emocionantes do filme, ela consegue o direito de ser a primeira mulher negra a estudar em uma "universidade para brancos". Em seu primeiro dia de aula, ela se depara como a única mulher e a única pessoa negra da classe. No final, segue seu objetivo, virando a primeira engenheira da NASA e acaba trabalhando na construção da cápsula que lançaria o homem ao espaço.

 A história dessas três estrelas tem algo em comum,  a segregação social, racial e o sexismo. Elas não eram apenas mulheres, mas mulheres negras, em um ambiente no qual sempre existiriam tantos homens e mulheres brancas na frente, como também homens negros. 

 Essa múltipla discriminação e injustiça social é descrita pela autora Kimberlé Crenshaw como "Interseccionalidade". A opressão, a violência e a humilhação chegam de várias formas às mulheres negras, como a mesma reforça na palestra "A urgência da Interseccionalidade". 

  Então, nesse processo o feminismo convencional não consegue entender a dimensão social da opressão que essas mulheres negras passam por conta do racismo e nem os próprios homens negros compreendem a opressão de gênero que exercem, enquanto tudo se vincula a opressão de classe. ( MORAES e SILVA, 2017 )

Por isso a importância da luta e resistência do movimento político e social do feminismo negro, quanto a tentativa de desconstrução, libertação da dominação e exploração racista, sexista e classista.

No filme, mesmo com todas as dificuldades, as protagonistas conseguiram chegar aos seus objetivos, em um tempo de extrema desigualdade racial nos Estados Unidos, que era legítima pela constituição. Porém, nem sempre é assim que as coisas acontecem.

Existem relações de poder, como o da exploração capitalista ( DAVIS, 2013, apud MORAES e SILVA, 2017) que sempre vão reforçar e sustentar essas estruturas desiguais.

E ainda existem autoras como Hill Collins que trabalham com as opressões de sexualidade e nação, por considerar pertencentes a essa interseccionalidade.


Link dos textos das autoras Moraes e Silva :

Feminismo negro e a interseccionalidade de gênero, raça e classe

Link da palestra da autora Kimberlé Crenshaw:

Kimberlé Crenshaw- A urgência da Interseccionalidade


Bibliografia


MORAES, Eunice Lea de; SILVA, Lucia Isabel Conceicão da. Feminismo negro e a interseccionalidade de gênero, raça e classe. In Cadernos de Estudos Sociais e Políticos, Rio de Janeiro, vol. 7, nº 13, p. 58-75, 2017.






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